quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Hemorragia Interna

Na noite torta, sua pele dourada
era o que mais brilhava.
Na escuridão, ora do coração, ora da luz elétrica
eu admirava sua pele
lambia o seu peito que é meu.
Entre choro e gozo
a torta noite transcorreu.
Nem meu, nem seu.
A fina fresta de luz que iluminava
informava que já era hora de fim.
Todos os telespectadores boêmios
que adoram nossas histórias
estavam sedentos por um final
Triste ou feliz.
A bela noite de verão em que vivíamos, amanheceu.
Como toda manhã, amanheceu rasgando a noite
e ressaqueada. Embriagada de amor, amor jurado de morte.
Algumas manhãs sangram.
Essa sangrou como poucas, sangrou sem corte.
Sangrou e você não viu.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Pater Pisciano

Em algumas noites com imagens recortadas
eu via seus olhos tortos na beira da loucura.
Seus olhos tortos lá.
Sua esperança no oco, sempre deixou os comuns loucos.
A esperança decrépita  tornou as noites
com céu vermelho nas melhores lembranças de mim.
Sobre mim, eu lembro de você.
Essa crença no inexiste e tua expressão de profeta
Os sons  sufocados ou a vida sufocada
dentro de um travesseiro, coisas que foram bordando a menina.
Ancião da transparência, sempre turvo.
Sempre afeto, sempre inexato, sempre perto.
Ela lembra dos seus olhos firmes, firmes de amor.
 Menino e velho, paradoxo de si.