segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O amor é detalhista

O amor se demora nos detalhes
Não porque se importa menos
Com coisas grandes
Mas porque de tanto olhar
agora se dedica a apreciar os pormenores
O amor é detalhista
e se deleita olhando a arte
apreciando cada curva do pincel
não analisa como um crítico
mas contempla como um jovem
aquele que não sabe diferenciar
as vanguardas
Mas se sente estarrecido com tamanha verdade
O amor se apega aos detalhes
Porque longe,  a memória o ajuda lembrando de tudo que fora registrado
O amor é um detalhista porque amar não é um detalhe.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Anestesia

,De gole em gole buscava alguma sensação, ler aquilo havia lhe deixado anestesiada, não estava sentindo nada, nem vazio. Bebeu, bebeu muito e aquele nada, que nem constituía um vazio, não passava. É  lógico que ela sentia algo, só não sabia identificar, afinal, nunca sentira nada parecido. Era como ela tivesse engolido um abismo, desses abissais. Talvez por isso a bebedeira não ajudou, apenas transformou o abismo numa fossa tão profunda quanto a das Marianas (jogue no Google). Nem conseguia estruturar pensamento, nem pensava em nada, mas chorava. Era a primeira vez que ela bebia sozinha, escolheu o pior bar para fazer isso, um tosco com musica ruim,achou que assim não encontraria ninguém do seu circulo. Encontrou! Um ex babaca que tentou que ela contasse o porque chorava. Ela estava em seu nível máximo de degradação, mandou tomar no cu sem ressentimento. Ele saiu imediatamente. Chorou mais, arrumou briga no banheiro e foi embora. Pensou que estava vivendo a vida errada, que aquela era a vida de outra pessoa e não a dela, fechou os olhos com fé e imaginou que poderia abri-los em outra realidade, mas quando os abriu ainda estava num C3 branco modelo 2014, um pouco embriagada e totalmente desnorteada no meio da Avenida Júlio Buono, zona norte da maior cidade da América Latina. Queria ligar para alguém, queria alguém que abraçasse com toda a verdade do mundo, mas estava envergonhada de ligar para os amigos numa situação de desespero, depois de abandona-los por tanto tempo. Percebeu outra vez o abismo que havia engolido, viu que era na verdade maior do que sentiu. Essa ausência de tudo estava levando ela a um surto. Ligou o carro e correu, correu, correu sem imaginar rota ou destino, estava em tão alta velocidade que os pensamentos não a alcançaram, ela só corria e não sentia e nem pensava. Não havia nem dor, mas o vazio ainda estava. Em 5 segundos acabou com abismo e com ela mesma, bateu em altíssima velocidade contra a parede da escola em que concluiu o colegial. Deixou uma interrogação e uma dor terrível. O culpado nem soube que era assassino, deitou-se no caixão como se pudesse chorar aquelas lágrimas.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O que resta de você em você mesmo.

Acordar cedo para lhe procurar na cama enquanto se mexe nesse quase despertar.
Eu não te achei.
Tomar café atentando em todos os detalhes, lhe procurando enquanto passa patê no pão.
Eu não te achei.
Te observar assistindo tv, quase desesperada por um pouco de você.
Eu não te achei.
Te olhar nos olhos, te procurar e não lhe encontrar doeu.
Foi você quem terminou comigo e foi embora, deixou só esse corpo que eu reconheço, mas com olhares que eu não entendo.

domingo, 2 de novembro de 2014

So-cor-ro

Socorro
eu só corro
socorro
gritam num só coro
socorro
eu sou como
um grande corredor
socorro
eles me atravessam
e não me enxergam.
socorro
eu só corro
em socorro
de mim mesma.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Hemorragia Interna

Na noite torta, sua pele dourada
era o que mais brilhava.
Na escuridão, ora do coração, ora da luz elétrica
eu admirava sua pele
lambia o seu peito que é meu.
Entre choro e gozo
a torta noite transcorreu.
Nem meu, nem seu.
A fina fresta de luz que iluminava
informava que já era hora de fim.
Todos os telespectadores boêmios
que adoram nossas histórias
estavam sedentos por um final
Triste ou feliz.
A bela noite de verão em que vivíamos, amanheceu.
Como toda manhã, amanheceu rasgando a noite
e ressaqueada. Embriagada de amor, amor jurado de morte.
Algumas manhãs sangram.
Essa sangrou como poucas, sangrou sem corte.
Sangrou e você não viu.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Pater Pisciano

Em algumas noites com imagens recortadas
eu via seus olhos tortos na beira da loucura.
Seus olhos tortos lá.
Sua esperança no oco, sempre deixou os comuns loucos.
A esperança decrépita  tornou as noites
com céu vermelho nas melhores lembranças de mim.
Sobre mim, eu lembro de você.
Essa crença no inexiste e tua expressão de profeta
Os sons  sufocados ou a vida sufocada
dentro de um travesseiro, coisas que foram bordando a menina.
Ancião da transparência, sempre turvo.
Sempre afeto, sempre inexato, sempre perto.
Ela lembra dos seus olhos firmes, firmes de amor.
 Menino e velho, paradoxo de si.







sábado, 17 de maio de 2014

com que roupa eu vou.

com que dor eu escrevo?
posso usar o fato de você ser meu primeiro amor
ou falar que é sempre assim comigo
vou dizer que estou me sentindo enganada
ou falar do quanto eu me entreguei á você.
com que dor eu vou lhe dizer sobre esse ardor?