quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Quanto tempo dura uma amizade?


Eu já pensei no fim da nossa amizade, na hora eu senti o quão amargo isso seria. Por isso quero deixa-ter sob aviso, se um dia isso acontecer por distanciamento, briga ou falta de tempo, preciso que você fique certa do meu amor.Sim, se daqui a dez anos me ver passando na rua e não formos mais AMIGAS, saiba que eu te amo, um amor resguardado, um carinho recolhido, mas insolúvel e do mesmo tamanho do nosso penúltimo abraço, um amor que nem a falta de encontros, de abraços e de contato diminui. Eu preciso que me prometa que quando eu passar na rua daqui a dez ano vai me gritar! Me dê um abraço apertado, é claro que vão correr duas ou três lágrimas, mas me conte que seus filhos já sabem ler, que seu marido trabalha fora ,que sua vida está corrida, que foi incrível me encontrar, provando que o nosso sentimento tinha raízes, e por mais que  sem folhas,ele estava fincado no chão, esperando a primavera. Esse amor se faz tão forte, feito de coisas boas, que mesmo depois de uma longa temporada fria, ele resiste, persiste

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Ao meu homem


Não somos idênticos, somos exatos na nossa dissimetria, desproporcionais e inversos.
Eu sei a sua medida, eu caibo em você. Depois de uma dia engraçado, eu disse olhando para uma constelação qualquer que você era meu, você riu desdenhando do que eu disse, não acreditara. A verdade é que você é meu, mesmo que não saiba e não queira, mesmo que não seja, mesmo que seja só para mim. Eu caibo em você. Um dia você discorda de mim o tempo inteiro e eu não concordo com nada que você diz, no outro somos uma coisa só, não há nada que eu diga que você não grite "eu também". Quando você quer me abraçar eu recuso, quando eu quero você, você não vem, quando eu digo eu te amo você ignora, quando você diz quem não quer saber sou eu. Dentro de nossas obviedades e idiossincrasias, o que temos de mais forte em comum é o amor, eu você somos dois eternos apaixonados, um pelo outro, pela vida, por nosso amores tantos, pela planta, pela criança da praça, pela mulher da rua, pelo artista, por aquela música.  Eu caibo em você e você cabe em mim, eu sempre coube, desde aquele dia que nós nos cumprimentamos pela primeira vez, eramos "pequenos" e cabíamos um dentro do outro, crescemos juntos, aumentamos nossa alma e ainda nos encaixamos, como peças de lego, como quebra-cabeça, nenhum milimetro a menos. Nós tortos, eu para um lado e você para o outro, iguais nas nossas diferenças, exatos na dissimetria.
Isso se parece com uma carta de amor e é, de amor entre amigos. Ao meu melhor amigo, você.

μητέρα

Qual potência me prende? Sangue?  Ouço suas palavras vis, me aquieto! Você grita! Pensa que assim elas perfurariam mais depressa meu corpo, o corpo que você detesta. Eu corro enquanto posso, depois volto. Começo a arrancar as palavras que iam me atingindo o corpo e jogar com mais força em você, mas eu não posso, existe o sangue, nosso sangue.Durante 7 anos acreditei que isso não me machucava, lhe defendia para mim mesma "ho, não vê que que isso é desequilíbrio". Me enganei outra vez, as palavras cortaram, fizeram um grande estrago aqui, ele sangra, mas você e seu bando não vêem , nenhum de vocês vêem, talvez vejam e não sem importem. Vocês com seus lemas ufanistas que eu tanto gritei, não sentem e nem pensam nada além de (falsa) honra e imagem. Vocês nem possuem brasão.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Mergulho

Não mergulho mais fundo porque não aguento a verdade, não mergulho porque não quero descobrir que você é de mentira, que você inventa, se finge de você, se pinta e sobretudo, se projeta. Não mergulho por que não quero encontrar lembranças da noite que eu fingo que não lembro, a noite que eu descobri sua farsa de gente. Aquela foi a noite mais nítida da minha vida, mas eu permaneço fingindo que não me recordo, coloco a culpa no vinho barato e continuo acreditando em você, esse produto mal embalado.

Saciedade e Fome

Não há freios para nos, sempre erramos mais, sempre encontramos um jeito de deixar o mundo um lugar pior. Eu e você nunca encontramos o "bastante", não conhecemos a saciedade, somos uma eterna fome, uma sede. Prometemos deixarmos de existir, um para o outro, mas acabamos a noite declamando poesias e tomando um vinho digno de nós, vagabundo.

Elegância


Você é um péssimo poeta, mas eu ouço cada palavra atentamente, fingo que gosto,  na verdade odiaria apenas por saírem de sua boca. Agora entende porque bebo tanto?  Eu bebo para aguentar tudo que você não é. Eu bebo por que não suportaria sóbria sua mediocridade velada a dinheiro e a livros clássicos, que você não lê, mas exibe na sua biblioteca. Bebo para não esbravejar na sua cara que não há nada que me atraia em você, nem seu dinheiro, nem sua biblioteca fajuta, nem sua beleza apolínea, o que me mantem do seu lado?
  Eu fingo que lhe amo, e não é por cinismo, é por bondade. Eu fingo por que não sou perversa a ponto de dizer tudo sobre você á você mesmo: nada.

Papeis rasgados

Eu ali, rasgando papéis, escondendo coisas, querendo apagar provas, rasgando verdades. Sensação horrorosa. Permitindo a situação, negando, forjando. Doloroso! Eu ali, rasgando papéis, mentindo para você e para mim, espalhando  recortes por lugares para não ser descoberta. Eu ali, rasgando papéis, com raiva de mim, mas orgulhosa por tanta força de aceitar estar ali, rasgando mais que papéis, rasgando talvez a mim, rasgando quem sabe a única verdade que sei sobre mim.